quarta-feira, dezembro 14, 2016

Quem passa pelo Alcobaça...

É uma triste notícia mas as notícias são assim: mais que boas ou más, as notícias são notícias. A má notícia é que o Restaurante Casa Alcobaça, antiga casa de pasto na Rua da Oliveira ao Carmo, tal como muitos o conheceram e apreciaram ao longo de muitos anos, fechou. A vida é assim e os proprietários do Alcobaça não resistiram a uma oferta … irrecusável.
Acabaram por ali as sardas cozidas com grelos e cebola, os cachuchos fritos com arroz de tomate, os filetes de garoupa, as sardinhas assadas, o bacalhau na brasa, o cozido à portuguesa, a dobrada, as iscas… e as histórias sobre os tempos em que por ali parava muito gente do teatro, a Beatriz Costa, o Mário Alberto, muitos mais. Mais recentemente, com a redacção do Diário Económico do outro lado da rua, mesmo em frente, o Alcobaça era o poiso certo e seguro para almoço, jantar e até mesmo para o lanche. Mas o Económico também se mudou. 
Casa simples, com muitos anos de história e muita memória, o Alcobaça foi um restaurante de boa comida caseira portuguesa, alguma da qual as pessoas só tinham conhecido na vida em casa da avó ou da mãe.

Não se sabe o que haverá de futuro no número 9 da Rua da Oliveira ao Carmo. Outro Alcobaça não será de certeza. 

sexta-feira, dezembro 09, 2016

Mário Cesariny: descanso eterno nos Prazeres

O corpo de Mário Cesariny, poeta e pintor, foi trasladado esta semana do Talhão dos Artistas para jazigo individual, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, em cerimónia que assinalou os dez anos da morte do artista, com a presença do Presidente da República, ministro da Cultura, presidente da Câmara de Lisboa e outras personalidades. 
Monumento funerário de Manuel Rosa 
Na sua poesia, as palavras têm a exactidão cortante da ponta do diamante sobre o vidro, a velocidade densa dos grandes êxodos, o brilho obscuro dos olhos no amor. Na sua pintura, as cores levam o braço até à proximidade do mar e as formas são as do vento a abrir o portão do castelo”, disse na cerimónia José Manuel dos Santos,  amigo de Cesariny, presente da qualidade de director cultural da Fundação EDP.
«A realidade, comovida, agradece…», poderia ter dito, se dissesse, Mário Cesariny. 
A cerimónia foi acompanhada por momentos musicais, executados pelo Ensemble da Casa Pia, instituição que o poeta e pintor constituiu herdeira. 
Um poema póstumo à Mário Cesariny, comentou alguém. 

PEQUENA ODE A UM CARRO ELÉCTRICO

Colectivo sarcófago ambulante,
conduzes centos de almas, dia a dia
(ó morte desleal de cada instante!),
para a conquista pávida, incessante,
do envenenado pão do dia-a-dia.

Por isso te ergo a símbolo quase eterno,
ó provisória barca do Inferno!


David Mourão-Ferreira
(in Tempestade de Verão)
Fotos Beco das Barrelas, 
Carreira do eléctrico 28 

quinta-feira, dezembro 01, 2016

Os pássaros nascem na ponta das árvores

Os pássaros nascem na ponta das árvores 

As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros 

Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores 

Os pássaros começam onde as árvores acabam Os pássaros fazem cantar as árvores 

Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal 

Como pássaros poisam as folhas na terra quando o outono desce veladamente sobre os campos 

Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores mas deixo essa forma de dizer ao romancista é complicada e não se dá bem na poesia não foi ainda isolada da filosofia 
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros 
Quem é que lá os pendura nos ramos? 
De quem é a mão a inúmera mão? 
Eu passo e muda-se-me o coração.

Ruy Belo

 Fotos Beco das Barrelas, 
árvores dos jardins do Príncipe Real, Gulbenkian, Estrela e Amoreiras

terça-feira, novembro 29, 2016

Caracol da Penha ganha pés para andar

A criação de um jardim no Caracol da Penha e de um pavilhão desportivo na freguesia de Carnide são dois dos projectos vencedores do Orçamento Participativo de Lisboa, que mobilizou mais de 51 mil votos. O jardim do Caracol da Penha foi o projecto mais votado de sempre no Orçamento Participativo de Lisboa.
A cada um destes projectos caberão 500 mil euros, uma vez que se integram na categoria de projectos estruturantes.
O Jardim do Caracol da Penha, freguesias de Penha de França e Arroios, contabilizou 9.477 votos, enquanto a missão pavilhão Carnide teve um total de 8.666 votações.

A Penha de França ganha jardim que lhe falta
no mapa dos espaços verdes de Lisboa
Para o espaço do Caracol da Penha, está prevista a construção de um parque de estacionamento com 86 lugares (em duas plataformas), a cargo da EMEL, mas os moradores da zona entregaram na Assembleia Municipal uma petição com vista a que o espaço seja de fruição. A criação de um jardim no Caracol da Penha foi objecto de uma petição promovida pelo Movimento Pelo Jardim do Caracol da Penha que reuniu mais de 2.600 assinaturas.

... e os navios que levam as mercadorias pelo mar eterno...

O dia é perfeitamente já de horas de trabalho. Começa tudo a movimentar-se, a regularizar-se. Com um grande prazer natural e directo percorro com a alma todas as operações comerciais necessárias a um embarque de mercadorias. A minha época é o carimbo que levam todas as facturas. Porque as facturas e as cartas comerciais são o princípio da história e os navios que levam as mercadorias pelo mar eterno são o fim. 
Álvaro de Campos, Ode Marítima

quarta-feira, novembro 23, 2016

Diário de Notícias despediu-se da Avenida da Liberdade

Com 152 anos de idade, o Diário de Notícias muda-se pela segunda vez: nasceu no Bairro Alto, na rua que ficou com o nome do jornal, mudou-se para a Avenida da Liberdade, paredes meias com o Marquês de Pombal, em 1940, para um prédio construído de raiz que ganhou nesse ano o Prémio Valmor e que ostenta no interior painéis de Almada Negreiros; agora vai para a Torres de Lisboa, juntamente com os outros títulos do grupo Controlinveste. 

1864 – O jornalista e escritor Eduardo Coelho e o industrial tipográfico Tomás Quintino Antunes fundam o Diário de Notícias. 

1919 – O Diário de Notícias é vendido à empresa de moagens Companhia Industrial de Portugal e Colónias. Assume a direcção do jornal Augusto de Castro, jornalista e ex-político monárquico; dirige o DN até 1971.
1940 – O DN muda-se do Bairro Alto para edifício próprio, junto ao Marquês de Pombal; o edifício, que ganha neste mesmo ano o Prémio Valmor, está decorado no interior com painéis de Almada Negreiros.
1971 – Fernando Fragoso substitui Augusto de Castro na direcção do DN.
1974, Junho – O I Governo Provisório nomeia António Ribeiro dos Santos director do DN.
1975 – Assume a direcção do DN o jornalista Luís de Barros, até então redactor do Expresso, tendo como director-adjunto José Saramago.
1975, Novembro – Assumem a direcção do DN Vítor Cunha Rego, director, e Mário Mesquita, adjunto.
1976 – O DN associa-se ao jornal A Capital na Empresa Pública Notícias Capital (EPNC).
1991 – O governo de Cavaco Silva privatiza a EPNC. Os títulos do grupo (DN e JN) são comprados pela Lusomundo pelo equivalente a 42 milhões de euros.
2005 - O Grupo Controlinveste adquire a Lusomundo Serviços, que entretanto havia sido comprada pela PT Multimédia do grupo Portugal Telecom em 2000.
2014 – O empresário angolano António Mosquito Mbakassi compra 27,5 por cento do capital da Controlinveste e associa-se a Joaquim Oliveira, Luis Montez, BES e BCP no grupo que detém, entre outros, os títulos Diário de Notícias, Jornal de Notícias, TSFO Jogo
2016 – O DN muda-se para as Torres de Lisboa, com os restantes títulos da Controlinveste.  

terça-feira, novembro 22, 2016

Vão rareando os navios de vela nos mares!

 Vão rareando os navios de vela nos mares! E eu, que amo a civilização moderna, gostaria de ter outra vez ao pé da minha vista só veleiros e barcos de madeira, de não saber doutra vida marítima que a antiga vida dos mares. Porque os mares antigos são a Distância Absoluta.
Álvaro de Campos / Ode Marítima 
Foto Beco das Barrelas

segunda-feira, novembro 14, 2016

MÁRIO ALBERTO: Artista Único, Cidadão Particular, Imenso Amigo, Saudade Eterna

Por João Paulo Guerra
Lisboa, 2008

A mim, o Mário Alberto contou-me que foi operário cerâmico, empregado de escritório, recauchutador, figurante, bailarino excêntrico, músico gestual. Mas na sua profissão, cenógrafo, e na paixão da sua vida, o teatro, este homem é mesmo um grande senhor.
Há prémios de cenografia a atestá-lo. Mas os prémios dizem menos que a obra que ergueu em mais de cinquenta anos de trabalho para dezenas de grandes e pequenas companhias de teatro, em todo o país. Dos grupos universitários ao teatro de revista, passando por grupos independentes, pelo teatro comercial e até pelo Teatro Nacional.
Para além do teatro fez cenografia para ópera, décors, figurinos e direcção artística para televisão e cinema. Mas é do teatro que mais gosta. Diz que «o teatro até tem cheiro». Trabalhou com todos os grandes nomes do teatro português, sobre textos de todos os grandes dramaturgos. Regularmente expõe a sua pintura.
Pintor, cenógrafo, figurinista, figurante, figura, protagonista, maquinista, artista, talentoso, brilhante, portentoso, competente, singular, original. 
O Mário Alberto travou conhecimento com o teatro na juventude, em Coimbra. E a paixão consumou-se na primeira oportunidade. Quando, ainda jovem, veio para Lisboa, trazia já experiência das peças de teatro de cordel exibidas pela trupe em Coimbra e arredores.
Em Lisboa, empregou-se a recauchutar pneus no Largo do Andaluz e à noite fazia figuração no Teatro Avenida. Depois passou para empregado de escritório numa companhia de navegação na Rua do Alecrim. Até ao dia em que o director da companhia, por mero acaso, assistiu a um espectáculo de teatro e deparou com o seu dactilógrafo em cima das tábuas do palco. No dia seguinte chamou-o e disse-lhe: Tem que escolher: ou esta companhia, que é uma casa séria, ou os fantoches.
Atelier na casa (demolida) do Parque Mayer
Mário Alberto não hesitou. Escolheu os fantoches.
O Mário é assim. Inquieto, alvoroçado, travesso, exigente, insatisfeito, satisfeito, tolerante, franco, entusiasta, fervente, convicto, arrebatado, impulsivo, romântico, feliz, fascinante. Malandro.


domingo, novembro 13, 2016

De volta a Lisboa e ao Tejo e tudo


Eh marinheiros, gageiros! Eh tripulantes, pilotos, navegadores, mareantes, marujos, aventureiros! Eh capitães de navios, homens ao leme e em mastros, homens que dormem em beliches rudes, homens que dormem com o perigo a espreitar pelas vigias, com a morte por travesseiro. Homens que têm tombadilhos, que têm pontes donde olhar a imensidade imensa do mar imenso! Eh manipuladores dos guindastes de carga! Eh amainadores de velas, fogueiros, criados de bordo, homens que metem a carga nos porões, homens que enrolam cabos no convés. Homens do mar actual, homens do mar passado. Fenícios, cartagineses, portugueses atirados de Sagres para a Aventura Indefinida, para o Mar Absoluto, para realizar o Impossível!
Álvaro de Campos, in Ode Marítima
Foto Beco das Barrelas

terça-feira, novembro 08, 2016

Temos ainda uma arma de luz

Temos ainda uma arma de luz

para lutar:
SONHAMOS
(…)
Sim, sonhamos.
E o sonho quem o derrota?
mesmo quando vamos
perdidos na rota
de um barco sem remos
na tempestade de um vulcão…


José Gomes Ferreira 
(1900 - 1985 )

sexta-feira, outubro 28, 2016

Panorâmica Entrecampos 1851



Ao fim da Ruas de Entrecampos e Infante Dom Pedro, junto à linha do comboio, que bela utilização do espaço num local da cidade carregado de história... 

quarta-feira, outubro 05, 2016

Paredes com voz

Às portas de Lisboa, na Amadora, a guitarra 
de Carlos Paredes e a voz de Amália. 
Pinturas de Sérgio Odeith
Foto cedida por Teresa Rouxinol

terça-feira, setembro 06, 2016

Morreu o "Mourinho das Marchas" de Lisboa

Carlos Mendonça, o "Mourinho das Marchas"
Carlos Mendonça, conhecido como o “Mourinho das Marchas” de Lisboa, morreu em Lisboa aos 77 anos, anunciou fonte da família.
José Carlos dos Santos Mendonça, nascido em Lisboa a 28 de Janeiro de 1939, foi um artista português polivalente, que começou pelo teatro e pela dança clássica, mas que se começou a trabalhar como assistente de figurinismo quando se radicou em Londres, em 1964, já depois do cumprimento do serviço militar obrigatório.
Como figurinista, trabalhou para a BBC, a Granada Television, a Euston Films e a Paramount Films.
Alfama 
Regressou a Portugal em 1980, trabalhando como figurinista em programas de televisão, musicais e novelas, entre outros, escrevendo também vários espectáculos musicais. Desenhou também vários cenários e figurinos para teatros, como ABC, 
Variedades e Maria Vitória.
Alto do Pina 
Em 1990, foi convidado a dirigir a Marcha Popular de Alfama, o que fez durante 20 anos, como coreógrafo, figurinista, cenógrafo, letrista e também como músico e compositor.Conhecido por ter um estilo inovador, que inspirou muitos outros ensaiadores, conseguiu 13 primeiros lugares em 20 anos de marchas - 11 por Alfama e 2 pelo Alto de Pina -, assim como diversos prémios de figurinos, artes plásticas e coreografia.

domingo, julho 31, 2016

Novas intervenções nas paredes de Lisboa



O artista chileno INTI esteve em Lisboa a convite da Underdogs10.

Com o apoio da Galeria de Arte Urbana | GAU, terminou a sua intervenção artística patente na rotunda das Olaias e que o autor explica na respectiva página do Facebook: Última peça de 3 paredes da série intitulada " la madre secular", localizado em Marselha, Paris e Lisboa. Essas três peças são uma representação da Madonna.

E na Rua João do Outeiro/Beco da Guia, na Mouraria, intervenção de Andrea AT

quinta-feira, junho 30, 2016

Odeon vai ser reconvertido em bloco de apartamentos


O edifício do antigo cinema Odeon - inaugurado em Lisboa em 21 de Setembro de 1927 - vai ser transformado em bloco de 13 apartamentos e área comercial, aproveitando apenas da antiga arquitectura interior a boca de cena e o tecto da antiga sala de espectáculos. 
O Odeon chegou a ser uma sala de cinema com 700 lugares distribuídos por plateia, balcões e camarotes. Encerrou nos anos 90, quando já só exibia filmes pornográficos. E o edifício foi-se deixado degradar-se até que a CML teve que intervir para interditar a circulação no passeio da esquina da Rua do Condes com a das Portas de Santo Antão por risco de iminente derrocada. 
A última "fita" exibida no Odeon foi um jantar elegante para anunciar a reconversão do histórico cinema da baixa de Lisboa num bloco de apartamentos. 
Foto Beco das Barrelas 

quarta-feira, junho 15, 2016

Mário Zambujal: um alentejano de Mérito para Lisboa

Zambujal, foto de arquivo de um amigo
O escritor e jornalista Mário Zambujal - nascido em Moura, 1936 - foi distinguido com a Medalha de Mérito Cultural da Cidade de Lisboa. A medalha foi entregue pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, tendo a CML considerado que Zambujal é, por excelência, “escritor da cidade de Lisboa", “pelo universo romanesco fortemente imaginativo, pelo talento criativo e linguagem original, adequada a uma atmosfera picaresca e cómicos de situação capazes de nos fazer sorrir, mas também reflectir”.
A homenagem realizou-se no Jardim de Inverno do Teatro Municipal São Luiz, numa iniciativa da Câmara de Lisboa e da editora Clube do Autor, que publica actualmente os livros de Mário Zambujal.
Enquanto jornalista, Mário Zambujal passou por ‘A Bola’, pelo ‘Record’, foi chefe de redacção de ‘O Século’ e do ‘Diário de Notícias’, director do ‘Se7e’ e do semanário ‘Tal & Qual’, e colunista do diário ‘24 Horas’. Também trabalhou na rádio – ‘Pão com Manteiga’, na Comercial, anos 80 -, e pelo Domingo Desportivo da RTP.
Zambujal na Tertúlia 'Os Empatados da Vida', Lisboa 2007:
Ramon Font, Victor Bandarra e Fernando Dacosta (encobertos), José Manuel Saraiva, 
Mário Zambujal, Baptista Bastos, João Paulo Guerra e António Macedo
Actualmente, com 80 anos feitos, é presidente do Clube dos Jornalistas.
Zambujal estreou-se na literatura com 'Crónica dos bons malandros' (1980), que foi adaptado ao cinema por Fernando Lopes. Produziu textos para televisão e teatro e publicou, entre outros romances, 'Histórias do fim da rua', 'À noite logo se vê', 'Primeiro as senhoras', 'Uma noite não são dois dias' e ‘Talismã - a Desordem Natural das Coisas’.
A sessão do São Luiz reuniu muitos amigos e admiradores de Mário Zambujal e fechou com António Vitorino d’Almeida, ao piano, acompanhando Carlos do Carmo no ‘Fado do Campo Grande’, de que o maestro é autor da música de parceria com o autor do poema, José Carlos Ary dos Santos. 

segunda-feira, junho 13, 2016

Alfama voltou a vencer desfile das Marchas Populares de Lisboa

Na 84ª edição das Marchas de Lisboa, o bairro de Alfama alcançou o seu sexto triunfo nos últimos dez anos; o Alto do Pina, vencedor no ano passado, ficou no pódio mas no terceiro lugar; ao segundo lugar subiu a Penha de França.

Foto José Frade / Egeac

Alfama ganhou a Melhor Composição Original, com "Manjerico", e o Melhor Desfile da Avenida. A par com a Penha de França e o Alto do Pina, venceu também a Melhor Musicalidade e a Melhor Coreografia.
O título de Melhor Letra foi conquistado pela marcha da Madragoa, a Melhor Cenografia foi para Alcântara e o Melhor Figurino foi partilhada entre Alcântara, Alto do Pina e Bairro Alto.
À semelhança de anos anteriores, a 84.ª edição das Marchas Populares de Lisboa contou com a participação 20 marchas em competição: Alto do Pina - vencedora do ano passado -, Alfama, Alcântara, Bela Flor – Campolide, Campo de Ourique, Carnide, Penha de França, Bairro da Boavista, Bairro Alto, Benfica, Ajuda, Madragoa, São Vicente, Bica, Mouraria, Santa Engrácia, Marvila, Graça, Olivais e Lumiar.

As marchas que entraram este ano a concurso foram Campo de Ourique, Penha de França e Bairro da Boavista - esta última participa nas Marchas Populares pela primeira vez -, ocupando o lugar das marchas de São Domingos de Benfica, Beato e Baixa, que participaram no ano passado.
Na Avenida da Liberdade desfilaram também os 32 noivos de Santo António, a marcha infantil “A Voz do Operário” e a marcha dos Mercados, ambas extracompetição, e, como convidados, a marcha popular de Portimão e a dança do dragão da Lo Leong Sport General Association de Macau.

quarta-feira, junho 08, 2016

Arte Urbana em fase de Terminal


Um edifício que tinha três murais concebidos pelos artistas urbanos Vhils e PixelPancho foi demolido na zona de Santa Apolónia, em Lisboa. Para o local está previsto o novo terminal de cruzeiros da capital. 
As três obras foram realizadas por Vhils, artista português, e PixelPancho, italiano, em novembro de 2013, num edifício existente no Jardim do Tabaco, em frente à Alfândega de Lisboa.

terça-feira, maio 10, 2016

O melhor de Vhils está exposto em Lisboa

Na galeria Underground Art Store, no Armazém A, Rua da Cintura do Porto de Lisboa, estão em exposição prints dos dez melhores trabalhos de Vhils dos últimos dez anos.

Vihls, aliás, Alexandre Farto, é o mais conhecido artista plástico urbano de Lisboa e de Portugal. Nos últimos tempos, para além dos graffiti e das esculturas sobre paredes, o artista dedicara-se igualmente, e como igual sucesso, à animação, ilustração e design gráfico. A internacionalização foi o salto mais importante da carreira de Vhils nos últimos tempos. 
A exposição da Underground recorda o melhor e mais genuíno de Vhils nas paredes de Lisboa.

quinta-feira, abril 28, 2016

Jamaica, Tokyo e Europa ainda não chegaram ao fim da história

A Comissão de Economia, Turismo, Inovação e Internacionalização da Assembleia Municipal de Lisboa decidiu recomendar à Câmara que proteja os estabelecimentos históricos da especulação imobiliária, tendo em conta o iminente fecho de discotecas míticas no Cais do Sodré, como a Jamaica e Tokyo.
Na recomendação, os deputados solicitam que o município envide “todos os esforços para que este tipo de estabelecimentos possa ser protegido da especulação imobiliária, de forma a salvaguardar a identidade histórico-cultural desta zona da cidade”.  
Isto porque, a seu ver, “o desaparecimento destes estabelecimentos irá contribuir para a descaracterização da área do Cais do Sodré”.
Ao mesmo tempo, os responsáveis pretendem que o município avance “rapidamente com o programa Lojas com História, de forma a ajudar à preservação do património de espaços comerciais da cidade”. Criado pela autarquia no ano passado, este programa visa dinamizar o comércio local.
Para isso, a autarquia discutirá em breve a criação de um regulamento que estipula os critérios de distinção dos estabelecimentos históricos da cidade, bem como as medidas de apoio a que se poderão candidatar, suportadas por um fundo de 200 mil euros.
A recomendação da Comissão de Economia, Turismo, Inovação e Internacionalização surge no seguimento de uma audição feita a Fernando Pereira, proprietário de duas discotecas no Cais do Sodré – Jamaica e Tokyo.
Este comerciante, juntamente com o dono do Europa (localizado no mesmo edifício) recebeu, em Outubro passado, uma denúncia do contrato de arrendamento por parte dos senhorios.
Apesar de ter efeito a partir de meados deste mês de Abril, ainda não houve despejos, já que os donos das discotecas optaram por penhorar o edifício para exigir conversações e pagamento de indemnizações em atraso.

O prédio onde estes espaços se encontram, na Rua Nova do Carvalho (a chamada Rua Cor de Rosa) foi vendido pelos cerca de 30 proprietário a uma imobiliária, que, por sua vez, o revendeu a um grupo hoteleiro francês.

LEIA TAMBÉM: TOKYO, JAMAICA E EUROPA AINDA NÃO TOCARAM A "ÚLTIMA VALSA"
Beco das Barrelas

segunda-feira, abril 25, 2016

Quando caiu o Carmo: Lisboa no centro da revolução


“Que o poema seja microfone e fale
uma noite destas de repente às três e tal
para que a lua estoire e o sono estale
e a gente acorde finalmente em Portugal”
Manuel Alegre

23h 55m de 24 de Abril de 1974 - João Paulo Dinis anuncia nos Emissores Associados de Lisboa: “Faltam 5 minutos para as 23 horas” e pôs a rodar a canção “E depois do adeus”, por Paulo de Carvalho.
00h 20m de 25 de 25 de Abril - A canção “Grândola, Vila Morena”, de José Afonso, passa no programa Limite, da Rádio Renascença, com a primeira estrofe gravada por Leite de Vasconcelos.
04h 20m de 25 de Abril - Joaquim Furtado lê no Rádio Clube Português o primeiro dos comunicados do Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas.


05h 30m - Forças da Escola Prática de Cavalaria, de Santarém, comandadas pelo capitão Salgueiro Maia, instalam-se no Terreiro do Paço, onde se localizavam os Ministérios militares do Governo, Marinha e Exército. O ministro do Exército foge do Ministério, por um buraco aberto na parede.

8h 10m - Um força de carros de combate do Regimento de Cavalaria 7 e de jeeps da GNR, sob o comando do brigadeiro Junqueira do Reis, aproxima-se do Terreiro do Paço pela Rua do Arsenal para enfrentar as tropas revoltosas. 

O capitão Salgueiro Maia e o tenente Correia da Assunção parlamentam com o brigadeiro. O brigadeiro dá voz de fogo ao cabo apontador do primeiro carro de combate. “Dispare sobre aquele homem”. Salgueiro Maia: “E o cabo não disparou. E quando um brigadeiro dá esta ordem a um cabo e ele não dispara, aí fez-se o 25 de Abril”.













12 horas - As forças que ocupavam o Terreiro do Paço subdividem-se. Uma coluna dirige-se para a Penha de França, para obter a rendição da Legião Portuguesa. A coluna do capitão Salgueiro Maia segue pelo Rossio para o Largo do Carmo, em cujo quartel da GNR se refugiara o chefe do Governo. Milhares de civis seguem esta coluna, em cima dos carros de combate ou a pé. No Rossio, a partir das bancas de venda de flores ali instaladas, há uma primeira distribuição de cravos pelos soldados.

"A Salgueiro Maia, lembrando o 25 de Abril de 1974,
homenagem da cidade de Lisboa.
CML 1992", no chão do Largo do Carmo.


12h 30m - O Quartel da GNR no Largo do Carmo é cercado por forças da Escola Prática de Cavalaria, reforçadas por unidades que tinham aderido ao longo da manhã ao Movimento. Após várias horas de impasse, de tentativas de negociação e de disparo de rajadas sobre a frontaria do edifício, o quartel do Carmo rende-se pelas 17 horas.
O capitão Salgueiro Maia entra no quartel e obtém a rendição de Marcelo Caetano, que reclama a presença de um oficial general a quem transmita o poder. Entra em cena o general Spínola. Marcelo Caetano, acompanhado pelos ex-ministros Moreira Batista e Rui Patrício, abandona o Carmo na viatura blindada denominada “Bula”, pelas 19h 20m.

"Aqui, na tarde de 25 de Abril
de 1974 a PIDE abriu fogo sobre
o povo de Lisboa e matou:
Fernando C. Gesteira
José J. Barneto
Fernando Barreiros dos Reis
José Guilherme R. Arruda
Homenagem de um grupo de cidadãos
25-4-1980",
na fachada da antiga sede da PIDE,
R. António Maria Cardoso,
 hoje um condomínio de luxo.










21 horas - Depois de primeiros 
incidentes junto à sede da PIDE/DGS, na Rua António Maria Cardoso, pelas 13 horas, dos quais resultaram 5 feridos, registam-se novos incidentes no local, pelas 21 horas. Agentes da PIDE/DGS disparam da varanda do primeiro andar da sede sobre a multidão que exigia a rendição da polícia política, causando dezenas de feridos e quatro mortos. Foi o único sangue que correu no dia da triunfante Revolução dos Cravos. A PIDE/DGS rendeu-se na manhã seguinte.


“Esta é a madrugada que eu esperava
 o dia inicial inteiro e limpo
 Onde emergimos da noite e do silêncio
 E livres habitamos a substância do tempo”
Sophia de Mello Breyner

Naqueles dias - ... como em 1383... ou 1640... - Lisboa esteve no centro da revolução. 
Texto e fotos Beco das Barrelas / D.R.