segunda-feira, julho 29, 2013

Lisboetas como nós


Pardais, corvos marinhos, pilritos das praias, rolas-do-mar, gaios, corujas, falcões peneireiros, periquitos de colar, esquilos-vermelhos, raposas, residentes ou de passagem, são lisboetas como nós, habitantes de uma cidade onde os humanos e a natureza encontraram as suas formas de se relacionarem.

Este vídeo é uma visão maravilhosa da cidade de Lisboa, e nomeadamente do rio Tejo e do Parque Florestal de Monsanto, produzido pela organização aidnature sobre o trabalho pela conservação da natureza do Centro de Recuperação de Animais Silvestres de Lisboa (LxCRAS).  

É mais uma razão a acrescentar a tudo o que temos para amar Lisboa.

Veja aqui:

quarta-feira, julho 24, 2013

24 de Julho


 
O 24 de Julho, nome de avenida ribeirinha de Lisboa, é o do ano de 1833, data da entrada no continente das tropas liberais, comandadas pelo Duque da Terceira, que chegaram a Lisboa para se oporem, em defesa de D. Pedro, aos absolutistas de D. Miguel.


Mercado da Ribeira
 
 
 
Mas nos anos 90 do século passado, um inquérito publicado por uma revista de fait-divers, realizado no local, revelava que a maioria dos que curtiam a movida de Lisboa na 24 de Julho admitiam que a data fosse a da inauguração das discotecas Kremlin, da Kapital ou do Plateau. O centro do mundo da movida da noite de Lisboa situava-se então nas Escadinhas da Praia, à 24 de Julho.

Museu de Arte Antiga visto do Tejo
 
A Avenida, então chamada de Rua, já foi da Praça D. Luís ao Caneiro de Alcântara, depois, já com o estatuto de Avenida, ia de S. Paulo a Alcântara. Mas sempre correu paralela ao Rio Tejo e à linha férrea que liga o Cais de Sodré aos Estoris, isto é, a Linha de Cascais.

A longa Avenida conhece, no seu percurso, a Praça Duque da Terceira, o Mercado da Ribeira, a Administração do Porto de Lisboa, a Infante Santo, a Gare da Rocha do Conde de Óbidos, o Palácio da Cruz Vermelha, o Museu Nacional de Arte Antiga.

Aqui há dois anos, a Câmara anunciou o propósito de fazer da Avenida uma Alameda 24 de Julho. Veremos.

segunda-feira, julho 22, 2013

Aqui jaz mais uma livraria


Neste tempo de indiferentismo, de apatia, do espectáculo, cinco pessoas mantêm aquilo aberto. Então isto não é bonito?
Vítor Silva Tavares, editor, coautor do “Manifesto contra o desastroso encerramento das livrarias da Cidade de Lisboa no centenário da Livraria Sá da Costa”

Cinco livreiros, trabalhadores da Sá da Costa - Noémia Batalha, Susana Pires, Pedro Oliveira, Salomé Gonçalves e António Esteves -, aguentaram o último fôlego da Livraria fustigada pela “ditadura financeira”, pela barbárie, e pelos interesses da especulação.

A Livraria tem 100 anos: foi fundada em 1913 no atual largo Dr. António de Sousa Macedo, ao Poço dos Negros. Em 10 de Junho de 1943 mudou-se para a Rua Garrett, onde foi classificada no PDM de Lisboa como um dos “bens imóveis de interesse municipal”. De nada lhe serviu: foi penhorada pelas Finanças com as respetivas licença, alvará, direito ao arrendamento e trespasse "e todos os armários/prateleiras, existentes em todas as paredes do rés-do-chão do estabelecimento e que cobrem as mesmas em toda a sua extensão"; foi posta à venda pelo Tribunal; o plano de viabilização da Sá da Costa foi chumbado pela assembleia de credores; a Livraria foi declarada insolvente e foi ordenada a liquidação total da Sá da Costa.

O Manifesto diz que aquela esquina da Rua Garrett com a Serpa Pinto é um “lugar cobiçado demais, pelos negócios do dinheiro graúdo”. Os livreiros chamam a atenção para a “destruição dos espaços culturais emblemáticos, por fatal ‘mudança de ramo’, vítimas da especulação dos arrendamentos, expulsas pela investida tornada ‘natural’ das lojas e luxo, [que] encerram portas num abrir-e-fechar de olhos”.

Nos últimos tempos fecharam em Lisboa as livrarias Portugal, Guimarães, Barateira, Petrony, Bocage, Camões e Biblarte. E a Livraria Poesia Incompleta - a única livraria de Lisboa exclusivamente dedicada à poesia - mudou-se para o Rio de Janeiro.

Outras casas como a Lello, a Olisipo e a Artes e Letras correm o risco de fechar. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, entre 2007 e 2011 desapareceram mais de 100 livrarias em Portugal e em 2012 a tendência negativa agravou-se.

No manifesto, os livreiros afirmam que o fecho da Sá da Costa é um “sinal dos tempos – bem paradigmáticos desta apagada e vil tristeza em que o país, e nós com ele, nos encontramos mergulhados – a zona do Chiado, a sua histórica envolvência, tem sido palco de uma razia, de devastação”.





Leia também:
Texto e fotos Beco das Barrelas / D.R.

quinta-feira, julho 18, 2013

Lisboa, Praça Mandela


Ao longo do dia, a Praça D. Pedro IV, o Rossio de Lisboa, chamou-se Praça Nelson Mandela. Em 18 de Julho, celebrou-se em todo o mundo e também em Lisboa o Dia Internacional Nelson Mandela e a mais de oito mil quilómetros de distância, na cama de um hospital, Madiba sorriu levemente quando o atual presidente sul-africano, Jacob Zuma, lhe deu os parabéns.
 
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul
William Enrest Henley, “Invictus”





terça-feira, julho 16, 2013

Peregrinações em Lisboa


Mais de 70 anos depois do seu lançamento, está nas livrarias reeditado pela Vega mais um volume - o XIV e penúltimo - das “Peregrinações em Lisboa”, de Norberto de Araújo. O volume diz respeito a um centro de Lisboa - Avenida e Alto da Avenida, Salitre e Praça da Alegria, Parque Eduardo VII e Palhavã, Rego, Avenidas e Campo Grande, Entre Campos e Arco do Cego, Saldanha e São Sebastião, Santa Marta, São José e Santo Antão. Tenha passado o tempo que passou, a obra de Norberto de Araújo é uma bengala indispensável para percorrer esta Lisboa acidentada, nem sempre amada, mas sempre cidade das nossas vidas.

Pego na pequena edição de 105 páginas e, pelo desenho da capa, da Torrinha ao Cimo da Avenida, de Roque Gameiro, não reconheço Lisboa. Mas abro aleatoriamente o livro e sai-me a Travessa da Horta da Cera e, não fossem os grafitos, não haveria diferença de maior entre a gravura da edição original e a foto da atualidade: é um beco com saída que faz serventia sem vida própria entre a Rua do Salitre e a Avenida da Liberdade, por alturas do cinema São Jorge. Como não farão diferença o viaduto de São Sebastião da Pedreira ou o Palácio Galveias.
Travessa da Horta da Cera, na atualidade como há 70 anos:
a diferença está nos grafitos

Mas que foi feito, na Circunvalação de Lisboa, das Portas de Campolide, de Entremuros, da Viscondessa da Baía ou do Visconde Santarém? E o que é feito do “ainda muito rústico” Parque Eduardo VII? E da escadarias que devia conduzir ao Palácio das Exposições? E do Palácio das Exposições? Essa Lisboa não existe mais a não ser na memória dos cronistas.
Mas é bom saber que existiu. Porque a identidade e a história fazem-se de memórias.
E de “Peregrinações”, como as de Norberto de Araújo.

Texto e fotos Beco das Barrelas

quinta-feira, julho 04, 2013

Se tu fosses Lisboa




Ó meu amor se tu fosses Lisboa
Chiado - Mar da Palha - Limoeiro
Senhora Santa Luzia dos meus olhos
Gaivota do meu vento a tempo inteiro




Ó meu amor se tu fosses Lisboa
Estrela - Campo de Ourique - Areeiro
Cesário - Eça - Florbela ou Pessoa
E no mar do meu corpo o teu veleiro


Ó meu amor se tu fosses Lisboa
O cais onde chego a toda a hora
Nas asas do meu peito onde voas
E por dentro o coração aonde moras





Ó meu amor se tu fosses Lisboa
Colina da saudade deste estio
Desejo que desejo - mas magoa
Do amor que se entorna neste rio

José Luís Gordo *


* Autor de Recados ao Fado, 2004 e Poemas do Meu Fado, 2010.
Tem poemas gravados pelos fadistas Maria da Fé. Ada de Castro, Maria Armanda, Fernando Maurício, Camané, Filipe Duarte, Maria da Nazaré, Argentina Santos, Celeste Rodrigues, José Manuel Osório, Jorge Fernando, Machado Soares, Cristina Branco, Aldina Duarte, Ana Moura, entre muitos outros.
São de sua autoria os poemas de fados como Até Que A Voz Me Doa, Senhora do Livramento, e muitos mais.
Fotos Beco das Barrelas / D.R.

quarta-feira, julho 03, 2013

Um erro de 35 milhões de euros


O secretário de Estado da Cultura reconheceu que o novo Museu dos Coches, em Belém e a poucos metros do histórico Museu anterior, foi “um erro”. No entanto, o Governo decidiu-se pela sua conclusão e utilização futura do descompassado mamarracho.

“Tínhamos um Museu dos Coches a funcionar, sustentável, e criámos um investimento de mais de 35 milhões de euros para criar um novo museu, que, sendo um edifício de um arquiteto de reconhecido mérito, coloca problemas sérios de sustentabilidade e gestão futura”, disse o governante, acrescentando que, no entanto, o Governo não vai "deixar que aquele edifício fique em situação de não utilização".

A construção do mamarracho, pago pelos lucros da contrapartida de construção do Casino de Lisboa, através do Turismo de Portugal, começou em janeiro de 2009 e deverá abrir ao público na segunda metade de 2014.

O novo Museu dos Coches foi concebido em consórcio com os ateliês MMBB Arquitetos (Brasil), Bak Gordon Arquitetos e Nuno Sampaio Arquitetos (Portugal).

Para chegar à conclusão que o novo Museu dos Coches foi “um erro” não é preciso ser secretário de Estado da Cultura. O Beco das Barrelas tinha já denunciado o novo Museu como “muro da vergonha, um paralelepípedo branco, gigantesco, faraónico, que corta a vista do rio para terra e de terra para o rio”.


Texto e Fotos Beco das Barrelas

terça-feira, julho 02, 2013

Um ano 12 meses 52 semanas 365 dias


 
 
 
Começámos há precisamente um ano: “Segunda-feira, 2 de Julho de 2012

Olá, cá estamos nós.
Este é um blogue para quem ama Lisboa.
Vamos encontrar-nos. Aqui...
Até já!”

 
 
De então para cá o Beco das Barrelas publicou 275 mensagens, vistas em Portugal (77 por cento), e também, por esta ordem, nos Estados Unidos, Brasil, Rússia, Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Itália, Índia e mais 38 países e territórios dos cinco continentes, entre os quais Angola, Moçambique, Macau e Timor-Leste.
As visualizações chegaram por muito diversas páginas por navegador (53 por cento para o Internet Explorer) e por grande número de sistemas operativos (80 por cento pelo Windows).


As dez mensagens com mais visualizações foram as seguintes:
 
- O Outono do General - 08/11/2012
 

Recebemos 138 comentários, todos publicados. Oito comentários SPAM foram para o destino devido.

O tema mais frequente nas mensagens do blogue Beco das Barrelas foi a vida e as pessoas nos Bairros de Lisboa, seguido por poesia e referências poéticas à cidade de Lisboa, livros, restauração, Fado, turismo, cinema e recomendações de espetáculos e atividades culturais e de lazer.

Ao completarmos um ano, o que podemos prometer? Continuar.

São muito bem vindos tanto os parabéns como as críticas e as sugestões para a continuação do nosso trabalho no blogue Beco das Barrelas (escreva nos comentários).

Francisco João e João Francisco Texto e fotos / D.R.