quinta-feira, dezembro 05, 2013

Vai abrir o cinema mais antigo de Lisboa


Ou, melhor dizendo: a sala de cinema mais antiga de Lisboa, estreada em 1904 com o nome Salão Ideal, mais tarde Cine Camões, na atualidade Cine Paraíso – dedicando-se à exibição de filmes pornográficos – vai reabrir na Primavera de 2014 como Cinema Ideal. Trata-se de uma iniciativa da distribuidora Midas, de parceria com a Casa da Imprensa, proprietária da sala.

O Ideal, localizado na Rua do Loreto, ao Camões, funcionará diariamente do meio-dia à meia-noite, com programação de filmes em estreia, reposição de clássicos e sessões vocacionadas para públicos específicos. O Ideal está dotado de plateia, balcão e foyer – à boa maneira dos antigos cinemas de bairro - e está a ser equipado com projeção de som e imagem digital, nova instalação elétrica, ar condicionado.
O Ideal na fase Paraíso
do cinema porno

A ideia é recuperar o gosto de ir ao cinema. Se é que alguém ainda se lembra e em contraciclo com o galopante fecho de salas em Lisboa e no resto do País.

A tempo e a propósito fica um pensamento profundo do escritor brasileiro Luís Fernando Veríssimo sobre cinema: “Cinema é melhor pra saúde do que pipoca!”.

sábado, novembro 23, 2013

Regicídio: os King vão fechar

Último cartaz dos King
O exibidor e produtor Paulo Branco, da Medeia Filmes, prometeu esclarecer se os cinemas King encerraram ou não no domingo, 24 de Novembro de 2013.

No início de novembro, Paulo Branco tinha admitido a decisão de encerramento do cinema, por causa de uma proposta de atualização do valor da renda por parte do proprietário do espaço, prometendo porém que os 9 postos de trabalho - nove seriam garantidos.

O cinema King, que chegou a ter três salas em funcionamento, mantendo atualmente apenas duas, para exibição sobretudo de cinema de autor, é gerido desde 1990 pela exibidora Medeias Filmes, de Paulo Branco.

Além do Fonte Nova e Nimas, a Medeia Filmes detém ainda o cinema Monumental, também em Lisboa, e tem programação no Cine Estúdio Teatro do Campo Alegre, no Porto, Auditório Charlot, em Setúbal, no Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, no Theatro Circo de Braga e no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra.

De acordo com dados do Instituto do Cinema e Audiovisual, até Outubro a exibidora Medeia Filmes contabilizou 186.367 espectadores.

Em 2011, Paulo Branco encerrou os cinemas Saldanha Residence, que funcionavam praticamente em frente ao cinema Monumental.

Este ano, a rede de exibição de cinema em Portugal sofreu uma mudança depois da exibidora Socorama ter aberto falência, fechando algumas das salas que detinha (mais de cem) de norte a sul do país, incluindo o cinema Londres, em Lisboa. Algumas dessas salas de cinema, em particular as que estão localizadas em centros comerciais, têm estado a reabrir gradualmente por iniciativa da exibidora brasileira Orient.

 

quinta-feira, novembro 14, 2013

Voltas ao Mundo em Lisboa


Um Fernão de Magalhães com 2,63m de altura, de espada em riste, projeta-se sobre um canhão montado na amurada de um navio de pedra, procurando no horizonte os 360 graus de uma circum-navegação. O navegador está ali de bronze e expectante. Provavelmente, Magalhães interroga-se sobre o que está ali a fazer.

Fernão de Magalhães está ali na qualidade de réplica da estátua que lhe ergueram na Praça principal da cidade de Punta Arenas, nas terras de Magallanes, no extremo da Antártica Chilena. E toda a gente compreenderá o que faz naquela ponta do Mundo o circum-navegador.

Mais curiosidade levantará a localização de Fernão de Magalhães em Lisboa, no cruzamento da Avenida Almirante Reis com as ruas Morais Soares e a António Pereira Carrilho. A Praça recebeu a denominação do Chile, em homenagem à República Chilena, em 1928, e a estátua oferecida pelo Chile a Portugal lá foi implantada em 1950, vinte anos após o lançamento da primeira pedra.

E como a diplomacia e a toponímia têm razões que a razão não entende, para retribuir à República do Chile a amabilidade da oferta da estátua de Magalhães, Lisboa plantou na Avenida da Liberdade uma placa evocativa do venezuelano Simon Bolivar.

Estamos quites.

 

segunda-feira, novembro 04, 2013

Um paquete vem entrando…


O Queen Elizabeth no Porto de Lisboa
 
     Vem entrando e a manhã entra com ele, e no rio, aqui, acolá, acorda a vida marítima, erguem-se velas, avançam rebocadores, surgem barcos pequenos de trás dos navios que estão no porto. Há uma vaga brisa.
 
Ode Marítima, Álvaro de Campos
 
 
Entre Janeiro e Setembro deste ano, Lisboa recebeu a visita de 244 navios de cruzeiro, transportando 374 mil turistas.

Os números, divulgados pelo Observatório de Turismo de Lisboa, representam aumentos de mais 33 navios e 29 mil passageiros do que no mesmo período do ano passado.

 

quinta-feira, outubro 17, 2013

Lisboa que amanhece

 
 
Não sei se dura sempre esse teu beijo
Ou apenas o que resta desta noite
O vento, enfim, parou
Já mal o vejo
Por sobre o Tejo
E já tudo pode ser
Tudo aquilo que parece
Na Lisboa que amanhece
 
Sérgio Godinho, Lisboa que amanhece

terça-feira, outubro 08, 2013

A cidade tal qual se lê


Lisboa está nos livros e há uma cidade para conhecer na Lisboa escrita. Camões e Pessoa, Saramago e Cesário, Eça e Almada estão agora nos itinerários de escritores da cidade. Uma geografia da literatura que permanece para além da vida dos autores e das épocas das suas obras.

Eis os calendários e percursos de algumas das incursões pela Lisboa que vem nos livros, para o mês de Outubro, numa iniciativa da Direção de Ação Cultural da Câmara de Lisboa:

Eça de Queirós - 8 de Outubro, 10 horas, concentração na Rua da Escola Politécnica, junto à escadaria da faculdade: A Lisboa de como A Tragédia da Rua das Flores, O Primo Basílio ou Os Maias. O itinerário percorre a Lisboa do fim do século XIX, iniciando-se na Rua da Escola Politécnica e terminando no Largo Barão de Quintela.

Cesário Verde - 10 de Outubro, 10 horas, concentração junto à Sé de Lisboa: O percurso acompanha os principais desenvolvimentos da história portuguesa da época em que viveu Cesário Verde e percorre os locais da Baixa lisboeta frequentados pelo poeta.

Fernando Pessoa - 16 de Outubro, 10 horas, concentração no Largo de São Carlos: O percurso segue os passos do poeta, desde o Largo de São Carlos, onde nasceu, até ao Martinho da Arcada, onde tomou o seu último café, pelos locais e estabelecimentos que frequentou.
Blimunda
José Saramago - 19 e 25 de Outubro, 11 horas, concentração no Largo de São Domingos: O Memorial do Convento evoca a grande empreitada do reinado de D. João V que foi a construção do Convento de Mafra e a Lisboa da Inquisição.

Mural alusivo a Almada
na Calçada da Glória
Almada Negreiros - 23 de Outubro, 10 horas, concentração no Miradouro de São pedro de Alcântara - Escritor e pintor, Almada foi figura central da geração de modernistas portugueses. Obras suas são visíveis em diversos pontos da cidade.

Luís de Camões - Lisboa, 30 de Outubro, 10 horas, concentração junto à estátua do poeta na Praça Luís de Camões - O poeta frequentou a corte, quando mais não fosse para receber a tença, e a boémia de Lisboa, e terá sido aqui que iniciou a escrita de Os Lusíadas. A visita começa na Praça que tem o nome do poeta e termina no Pátio do Tronco, onde Camões esteve preso.

Marcações pelo telefone 218170742, das 10,00h às 12,30h e das 14,30h às 17,00h.

quarta-feira, setembro 25, 2013

A História tal qual se conta


Saiu o IV volume da História de Portugal do Professor António Borges Coelho: Donde Viemos, Portugal Medievo (1128-1385), Largada das Naus (1385 - 1500) e agora Na Esfera do Mundo constituem as quatro etapas já percorridas pelo historiador ao longo desta viagem através dos tempos.

O IV volume da História de Portugal começa com a viagem de Pedro Álvares Cabral, acompanha a navegação, a conquista, o comércio, o mundo e a sua pestana, as gentes, a militarização da sociedade e a Contra-Reforma, e desemboca em Alcácer Quibir e na Batalha de Alcântara, no saque da cidade de Lisboa pelas tropas do Duque de Alba.

Num País que vai perdendo a memória e a sabedoria, António Borges Coelho é um marco de conhecimento e de comunicação. A História, lida pela letra prodigiosa de António Borges Coelho, é uma viagem que se acompanha com fascínio. Quase se ouve, como uma história culta contada ao serão. E esta história que se vai lendo e quase se ouve é a nossa.

António Borges Coelho, História de Portugal, Volume IV, Na Esfera do Mundo, Caminho, Lisboa, Setembro de 2013.

segunda-feira, setembro 23, 2013

António Ramos Rosa (1924 - 2013)

A noite chega com todos os seus rebanhos
 
Uma cidade amadurece nas vertentes do crepúsculo
Há um íman que nos atrai para o interior da montanha.
Os navios deslizam nos estuários do vento.
Alguma coisa ascende de uma região negra.
Alguém escreve sobre os espelhos da sombra.
A passageira da noite vacila como um ser silencioso.
O último pássaro calou-se. As estrelas acenderam-se.
As ondas adormeceram com as cores e as imagens.

As portas subterrâneas têm perfumes silvestres.
Que sedosa e fluida é a água desta noite!
Dir-se-ia que as pedras entendem os meus passos.
Alguém me habita como uma árvore ou um planeta.
Estou perto e estou longe no coração do mundo.

de A Rosa Esquerda (1991)

sexta-feira, agosto 30, 2013

Em defesa da Cinemateca


A diretora da Cinemateca Portuguesa / Museu do Cinema alertou recentemente que a instituição corre o risco de suspender as suas atividades a partir de Setembro, caso não seja encontrada rapidamente uma solução para os problemas de tesouraria, resultantes da quebra das receitas provenientes da taxa cobrada sobre a publicidade televisiva.

De acordo com o jornal Público, a Cinemateca sobrevive desde Abril através de “dotações extraordinárias” do Fundo de Fomento Cultural. Mas em Agosto faltaram também as verbas para compensar os problemas administrativos e financeiros da instituição, causados pelas quebras nas receitas publicitárias das estações de televisão.

Em defesa da Cinemateca está disponível uma petição online, dirigida à presidente da Assembleia da República, preconizando que o assunto seja debatido no Parlamento e que se tomem as medidas “legislativas e políticas necessárias para garantir o funcionamento da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema” e para evitar o seu encerramento.

Em defesa da Cinemateca Portuguesa, assine aqui:
 
Veja também: Salvemos a Cinemateca


 
 

domingo, agosto 25, 2013

Em Agosto de 1988 ardeu o coração de Lisboa



 




As fotos de Luís Manuel Vasconcelos que aqui publicamos por gentileza e amizade do autor são o testemunho de um grande e corajoso repórter fotográfico sobre um momento dramático da vida da cidade de Lisboa.







Naquele dia 25 de Agosto de 1988, alguns arriscaram a vida para combater as chamas, como também outros arriscaram para testemunhar de perto o drama de uma cidade com o coração a arder. 

Luís Manuel Vasconcelos foi um deles. Obrigado. 
A CML esqueceu-o no álbum que editou sobre o incêndio do Chiado mas isso não diminui o valor destes testemunhos.
Passados todos estes anos o Chiado tem uma vida nova e é outra vez um dos centros da cidade.

Entretanto, o plano de recuperação urbanístico e arquitectónico que regenerou o Chiado, assinado pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira, foi publicado em livro, com o título «Chiado em Detalhe».

quinta-feira, agosto 01, 2013

Lisboa em Agosto



360 graus

O Arco da Rua Augusta, renovado com um elevador que dá acesso ao topo, proporciona a Lisboa um miradouro que permite uma vista de 360 graus sobre a cidade das Sete Colinas, os seus monumentos e o rio Tejo.
Para alcançar o miradouro foi instalado um elevador, que leva os visitantes até ao segundo piso. Depois de subir dois lanços de escadas estreitas chega-se ao topo do Arco, onde se tem vista desafogada sobre a rua Augusta, a ponte 25 de Abril, o Castelo de São Jorge e a Sé, como também sobre a Praça do Comércio e o Rio Tejo, tudo isto pela módica quantia de €2,50.

O Arco da Rua Augusta foi desenhado em 1759 por Eugénio dos Santos, na época da reconstrução pombalina da baixa de Lisboa arrasada pelo terramoto de 1755.


Sob o signo de Amadeo
O Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian ocupa todos os seus espaços expositivos desde 25 de julho, e ao longo de seis meses, com 350 obras de arte da coleção da entidade para celebrar trinta anos de existência do CAM.
A celebração decorre sob o signo de Amadeo Sousa Cardozo, expondo 150 obras do grande precursor da modernidade portuguesa, a quase totalidade da pintura e desenhos deste artista que o Centro tem na sua coleção, integradas quer através de aquisições, quer da grande doação da viúva do artista à Fundação.

Lisboa anos 40
A exposição “Última Fronteira” estará patente até dia 15 de Dezembro no Torreão poente do Terreiro do Paço e permite observar uma Lisboa diferente da dos dia de hoje. A exposição é inspirada no livro “Uma cidade em tempo de guerra”, da autoria de Margarida Magalhães Ramalho, e conta em fotografías, documentos, trajes, objetos de decoração, cartazes publicitários, mobiliário comercial, doméstico e urbano, maquinaria de comunicação, acessórios, filmes e gravações radiofónicas a “vida” lisboeta por altura da II Guerra Mundial.
A exposição “transporta” o visitante para a Lisboa que era então a esperança de muitos, por ser um ponto de neutralidade e, para alguns, de acesso à liberdade. O imaginário do filme “Casablanca” está bem presente na exposição.
Lisboa era também “o paraíso dos espiões”, retratado em muitas relatos jornalísticos como em obras de ficção, a cidade do inglês Ian Fleming, “oficial do governo” ou do jugoslavo Busko Popov, “diplomata”. Ou a cidade de Calouste Gulbenkian, por causa de quem a PIDE “solicitou” à administração dos Correios escutas aos telefones do Hotel Avis.
A exposição pode ser visitada de segunda a sexta das 10h00 às 20h00.

Museu Cosme Damião
O Museu Cosme Damião, inaugurado no dia 26 de Julho, leva os visitantes a “viajarem” pelos 109 anos de história do Benfica, de Lisboa, do País e do Mundo ao longo do século XX e da primeira década do século XXI. Entre dois andares os visitantes percorrem uma cronologia com os acontecimentos nacionais e internacionais mais relevantes do último século.
Situado no complexo do Estádio da Luz, o Museu é composto por três pisos, divididos em 29 áreas temáticas. Em destaque, pela imponência mas também pela particularidade de atravessar os três andares, encontra-se uma vitrina que expõe os troféus ganhos pelo clube nas várias modalidades. A "viagem" que percorre o mundo do Benfica destaca o ecletismo, mas o futebol, como seria de esperar, ocupa a maior "fatia" do espaço, com os troféus oficiais representativos, por exemplo, da conquista do Campeonato Nacional (32) ou da Taça de Portugal (24), duas Taças dos Campeões Europeus, como também a Taça Latina e as "gigantescas" Ramón Carranza, ou a Taça General Craveiro Lopes, conquistada pelo Benfica na inauguração do Estádio das Antas, ao derrotar o FCP por 8-2. Eusébio, a maior glória do Clube, “convive” virtualmente com os visitantes.
Perto do final da visita, é possível seguir “O Voo da Águia” e revisitar a história benfiquista em 1.000 segundos (16 minutos), num auditório com capacidade para 86 pessoas, situado na cúpula do museu.
O mais recente Museu da cidade é sem dúvida o mais moderno e interativo dos espaços museológicos do guia de Lisboa.
        
 

segunda-feira, julho 29, 2013

Lisboetas como nós


Pardais, corvos marinhos, pilritos das praias, rolas-do-mar, gaios, corujas, falcões peneireiros, periquitos de colar, esquilos-vermelhos, raposas, residentes ou de passagem, são lisboetas como nós, habitantes de uma cidade onde os humanos e a natureza encontraram as suas formas de se relacionarem.

Este vídeo é uma visão maravilhosa da cidade de Lisboa, e nomeadamente do rio Tejo e do Parque Florestal de Monsanto, produzido pela organização aidnature sobre o trabalho pela conservação da natureza do Centro de Recuperação de Animais Silvestres de Lisboa (LxCRAS).  

É mais uma razão a acrescentar a tudo o que temos para amar Lisboa.

Veja aqui:

quarta-feira, julho 24, 2013

24 de Julho


 
O 24 de Julho, nome de avenida ribeirinha de Lisboa, é o do ano de 1833, data da entrada no continente das tropas liberais, comandadas pelo Duque da Terceira, que chegaram a Lisboa para se oporem, em defesa de D. Pedro, aos absolutistas de D. Miguel.


Mercado da Ribeira
 
 
 
Mas nos anos 90 do século passado, um inquérito publicado por uma revista de fait-divers, realizado no local, revelava que a maioria dos que curtiam a movida de Lisboa na 24 de Julho admitiam que a data fosse a da inauguração das discotecas Kremlin, da Kapital ou do Plateau. O centro do mundo da movida da noite de Lisboa situava-se então nas Escadinhas da Praia, à 24 de Julho.

Museu de Arte Antiga visto do Tejo
 
A Avenida, então chamada de Rua, já foi da Praça D. Luís ao Caneiro de Alcântara, depois, já com o estatuto de Avenida, ia de S. Paulo a Alcântara. Mas sempre correu paralela ao Rio Tejo e à linha férrea que liga o Cais de Sodré aos Estoris, isto é, a Linha de Cascais.

A longa Avenida conhece, no seu percurso, a Praça Duque da Terceira, o Mercado da Ribeira, a Administração do Porto de Lisboa, a Infante Santo, a Gare da Rocha do Conde de Óbidos, o Palácio da Cruz Vermelha, o Museu Nacional de Arte Antiga.

Aqui há dois anos, a Câmara anunciou o propósito de fazer da Avenida uma Alameda 24 de Julho. Veremos.

segunda-feira, julho 22, 2013

Aqui jaz mais uma livraria


Neste tempo de indiferentismo, de apatia, do espectáculo, cinco pessoas mantêm aquilo aberto. Então isto não é bonito?
Vítor Silva Tavares, editor, coautor do “Manifesto contra o desastroso encerramento das livrarias da Cidade de Lisboa no centenário da Livraria Sá da Costa”

Cinco livreiros, trabalhadores da Sá da Costa - Noémia Batalha, Susana Pires, Pedro Oliveira, Salomé Gonçalves e António Esteves -, aguentaram o último fôlego da Livraria fustigada pela “ditadura financeira”, pela barbárie, e pelos interesses da especulação.

A Livraria tem 100 anos: foi fundada em 1913 no atual largo Dr. António de Sousa Macedo, ao Poço dos Negros. Em 10 de Junho de 1943 mudou-se para a Rua Garrett, onde foi classificada no PDM de Lisboa como um dos “bens imóveis de interesse municipal”. De nada lhe serviu: foi penhorada pelas Finanças com as respetivas licença, alvará, direito ao arrendamento e trespasse "e todos os armários/prateleiras, existentes em todas as paredes do rés-do-chão do estabelecimento e que cobrem as mesmas em toda a sua extensão"; foi posta à venda pelo Tribunal; o plano de viabilização da Sá da Costa foi chumbado pela assembleia de credores; a Livraria foi declarada insolvente e foi ordenada a liquidação total da Sá da Costa.

O Manifesto diz que aquela esquina da Rua Garrett com a Serpa Pinto é um “lugar cobiçado demais, pelos negócios do dinheiro graúdo”. Os livreiros chamam a atenção para a “destruição dos espaços culturais emblemáticos, por fatal ‘mudança de ramo’, vítimas da especulação dos arrendamentos, expulsas pela investida tornada ‘natural’ das lojas e luxo, [que] encerram portas num abrir-e-fechar de olhos”.

Nos últimos tempos fecharam em Lisboa as livrarias Portugal, Guimarães, Barateira, Petrony, Bocage, Camões e Biblarte. E a Livraria Poesia Incompleta - a única livraria de Lisboa exclusivamente dedicada à poesia - mudou-se para o Rio de Janeiro.

Outras casas como a Lello, a Olisipo e a Artes e Letras correm o risco de fechar. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, entre 2007 e 2011 desapareceram mais de 100 livrarias em Portugal e em 2012 a tendência negativa agravou-se.

No manifesto, os livreiros afirmam que o fecho da Sá da Costa é um “sinal dos tempos – bem paradigmáticos desta apagada e vil tristeza em que o país, e nós com ele, nos encontramos mergulhados – a zona do Chiado, a sua histórica envolvência, tem sido palco de uma razia, de devastação”.





Leia também:
Texto e fotos Beco das Barrelas / D.R.

quinta-feira, julho 18, 2013

Lisboa, Praça Mandela


Ao longo do dia, a Praça D. Pedro IV, o Rossio de Lisboa, chamou-se Praça Nelson Mandela. Em 18 de Julho, celebrou-se em todo o mundo e também em Lisboa o Dia Internacional Nelson Mandela e a mais de oito mil quilómetros de distância, na cama de um hospital, Madiba sorriu levemente quando o atual presidente sul-africano, Jacob Zuma, lhe deu os parabéns.
 
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul
William Enrest Henley, “Invictus”





terça-feira, julho 16, 2013

Peregrinações em Lisboa


Mais de 70 anos depois do seu lançamento, está nas livrarias reeditado pela Vega mais um volume - o XIV e penúltimo - das “Peregrinações em Lisboa”, de Norberto de Araújo. O volume diz respeito a um centro de Lisboa - Avenida e Alto da Avenida, Salitre e Praça da Alegria, Parque Eduardo VII e Palhavã, Rego, Avenidas e Campo Grande, Entre Campos e Arco do Cego, Saldanha e São Sebastião, Santa Marta, São José e Santo Antão. Tenha passado o tempo que passou, a obra de Norberto de Araújo é uma bengala indispensável para percorrer esta Lisboa acidentada, nem sempre amada, mas sempre cidade das nossas vidas.

Pego na pequena edição de 105 páginas e, pelo desenho da capa, da Torrinha ao Cimo da Avenida, de Roque Gameiro, não reconheço Lisboa. Mas abro aleatoriamente o livro e sai-me a Travessa da Horta da Cera e, não fossem os grafitos, não haveria diferença de maior entre a gravura da edição original e a foto da atualidade: é um beco com saída que faz serventia sem vida própria entre a Rua do Salitre e a Avenida da Liberdade, por alturas do cinema São Jorge. Como não farão diferença o viaduto de São Sebastião da Pedreira ou o Palácio Galveias.
Travessa da Horta da Cera, na atualidade como há 70 anos:
a diferença está nos grafitos

Mas que foi feito, na Circunvalação de Lisboa, das Portas de Campolide, de Entremuros, da Viscondessa da Baía ou do Visconde Santarém? E o que é feito do “ainda muito rústico” Parque Eduardo VII? E da escadarias que devia conduzir ao Palácio das Exposições? E do Palácio das Exposições? Essa Lisboa não existe mais a não ser na memória dos cronistas.
Mas é bom saber que existiu. Porque a identidade e a história fazem-se de memórias.
E de “Peregrinações”, como as de Norberto de Araújo.

Texto e fotos Beco das Barrelas

quinta-feira, julho 04, 2013

Se tu fosses Lisboa




Ó meu amor se tu fosses Lisboa
Chiado - Mar da Palha - Limoeiro
Senhora Santa Luzia dos meus olhos
Gaivota do meu vento a tempo inteiro




Ó meu amor se tu fosses Lisboa
Estrela - Campo de Ourique - Areeiro
Cesário - Eça - Florbela ou Pessoa
E no mar do meu corpo o teu veleiro


Ó meu amor se tu fosses Lisboa
O cais onde chego a toda a hora
Nas asas do meu peito onde voas
E por dentro o coração aonde moras





Ó meu amor se tu fosses Lisboa
Colina da saudade deste estio
Desejo que desejo - mas magoa
Do amor que se entorna neste rio

José Luís Gordo *


* Autor de Recados ao Fado, 2004 e Poemas do Meu Fado, 2010.
Tem poemas gravados pelos fadistas Maria da Fé. Ada de Castro, Maria Armanda, Fernando Maurício, Camané, Filipe Duarte, Maria da Nazaré, Argentina Santos, Celeste Rodrigues, José Manuel Osório, Jorge Fernando, Machado Soares, Cristina Branco, Aldina Duarte, Ana Moura, entre muitos outros.
São de sua autoria os poemas de fados como Até Que A Voz Me Doa, Senhora do Livramento, e muitos mais.
Fotos Beco das Barrelas / D.R.

quarta-feira, julho 03, 2013

Um erro de 35 milhões de euros


O secretário de Estado da Cultura reconheceu que o novo Museu dos Coches, em Belém e a poucos metros do histórico Museu anterior, foi “um erro”. No entanto, o Governo decidiu-se pela sua conclusão e utilização futura do descompassado mamarracho.

“Tínhamos um Museu dos Coches a funcionar, sustentável, e criámos um investimento de mais de 35 milhões de euros para criar um novo museu, que, sendo um edifício de um arquiteto de reconhecido mérito, coloca problemas sérios de sustentabilidade e gestão futura”, disse o governante, acrescentando que, no entanto, o Governo não vai "deixar que aquele edifício fique em situação de não utilização".

A construção do mamarracho, pago pelos lucros da contrapartida de construção do Casino de Lisboa, através do Turismo de Portugal, começou em janeiro de 2009 e deverá abrir ao público na segunda metade de 2014.

O novo Museu dos Coches foi concebido em consórcio com os ateliês MMBB Arquitetos (Brasil), Bak Gordon Arquitetos e Nuno Sampaio Arquitetos (Portugal).

Para chegar à conclusão que o novo Museu dos Coches foi “um erro” não é preciso ser secretário de Estado da Cultura. O Beco das Barrelas tinha já denunciado o novo Museu como “muro da vergonha, um paralelepípedo branco, gigantesco, faraónico, que corta a vista do rio para terra e de terra para o rio”.


Texto e Fotos Beco das Barrelas

terça-feira, julho 02, 2013

Um ano 12 meses 52 semanas 365 dias


 
 
 
Começámos há precisamente um ano: “Segunda-feira, 2 de Julho de 2012

Olá, cá estamos nós.
Este é um blogue para quem ama Lisboa.
Vamos encontrar-nos. Aqui...
Até já!”

 
 
De então para cá o Beco das Barrelas publicou 275 mensagens, vistas em Portugal (77 por cento), e também, por esta ordem, nos Estados Unidos, Brasil, Rússia, Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Itália, Índia e mais 38 países e territórios dos cinco continentes, entre os quais Angola, Moçambique, Macau e Timor-Leste.
As visualizações chegaram por muito diversas páginas por navegador (53 por cento para o Internet Explorer) e por grande número de sistemas operativos (80 por cento pelo Windows).


As dez mensagens com mais visualizações foram as seguintes:
 
- O Outono do General - 08/11/2012
 

Recebemos 138 comentários, todos publicados. Oito comentários SPAM foram para o destino devido.

O tema mais frequente nas mensagens do blogue Beco das Barrelas foi a vida e as pessoas nos Bairros de Lisboa, seguido por poesia e referências poéticas à cidade de Lisboa, livros, restauração, Fado, turismo, cinema e recomendações de espetáculos e atividades culturais e de lazer.

Ao completarmos um ano, o que podemos prometer? Continuar.

São muito bem vindos tanto os parabéns como as críticas e as sugestões para a continuação do nosso trabalho no blogue Beco das Barrelas (escreva nos comentários).

Francisco João e João Francisco Texto e fotos / D.R.